Olá a tod@s!
Desafiado pelo Mantunes (quem mais?) para escrever algo neste tópico, foi com muito prazer que relembrei relatos "esquecidos" dos primeiros tempos do geocaching em Portugal por quem o protagonizou

Eu nem sequer posso dizer que tenha começado o geocaching da melhor maneira. Comprei o meu primeiro GPS, um Garmin eTrex Venture (
http://www8.garmin.com/products/etrexVenture/) quando estava a fazer o primeiro ano de trabalho de campo para o meu doutoramento no Parque Natural do Douro Internacional, isto em Julho de 2001. Um GPS dava (e deu mesmo) muito jeito para marcar pontos de amostragem das aranhas e insectos a que me dedicava na altura (e ainda dedico em parte). Mandei vir o bicho dos USA porque este modelo foi dos primeiros a vir com WAAS e ainda não havia nada disso aqui por estas bandas. Tive de o ir buscar ao aeroporto de Lisboa e pagar uma brutalidade em taxas
Claro que o GPS não poderia servir apenas para isso e pus-me à procura de informação na net. Imediatamente fui dar á página do geocaching.com e percebi que seria o tipo de actividade que me poderia interessar. Increvi-me no site, segundo o registo em 16 de Julho de 2001. Não me lembro de como era a interface naquela altura mas procurei por caches em Portugal e nem uma surgiu, nem a do Alfa Romeu que supostamente estava activa. Grande decepção... Claro que pensei imediatamente em colocar uma cache, num local para onde costumava ir escalar, no topo dos rochedos da Serra de Zava, perto de Mogadouro, onde fica a sede do PNDI. Verifiquei agora e ainda não há lá nenhuma cache, se alguém quiser colocar uma posso sugerir o nome de "Almost the first in Portugal"

Infelizmente o meu pensamento na altura foi "para quê meter uma cache se depois ninguém a vai procurar?". E assim esqueci o geocaching durante quase um ano.
É por volta de Abril de 2002 que vejo uma reportagem acerca da "The Bear Treasure" colocada pelos Greenshades. E o geocaching volta à memória. Aproveitei uma estadia na Marinha Grande para ir com a Clara, na altura muito recente namorada, agora mulher, procurar a cache em 1 de Maio de 2002. Sem sorte nenhuma, pelo menos valeu a pena a caminhada pelo meio do Pinhal. Ficámos a pensar que tinha desaparecido depois de tanta publicidade na TV, ou então que era tudo uma grande tanga

Curiosamente voltei lá há um ano, já a Clara estava grávida, e finalmente encontrámos a cache! A primeira do Diogo ainda na barriga, mas com um pontapé certeiro indicou o local certo. Foi assim que a minha primeira tentativa no geocaching (2002) se tornou também a primeira cache do Diogo (2011) quase 10 anos depois ;)
O primeiro found deu-se na já arquivada "Frei Agostinho da Cruz", no Convento Velho da Arrábida em Agosto de 2002. Até nem foi difícil, e finalmente tive a confirmação que isto do geocaching era real. Entretanto comecei a conhecer um pouco melhor este mundo, a aperceber-me que havia caches um pouco por todo o lado (para os padrões da altura) e a vontade de procurar mais foi-se instalando. Foi assim que encontrei a "The ways of water". Claro que depois de encontrar duas caches já me sentia preparado para esconder um par delas e, aproveitando o facto de estar a trabalhar no Parque Natural das Serras de Aires e Candeeiros, escondi as duas primeiras: "The Treasure Island" e "Soft Water Over Hard Stone", ambas ainda activas.
O primeiro geocacher que conheci não podia deixar de ser o MAntunes, quando ele foi literalmente ter às traseiras da minha casa em Mértola em 2003, já que na altura estava a trabalhar no Parque Natural do Vale do Guadiana (vida de biólogo...). Aliás, o Mantunes, com o seu estilo "purista" de geocaching, fazendo questão de encontrar ele mesmo cada cache que assina, era e continua a ser a a referência para muita gente. Entretanto com o 1º CITO em Sintra organizado pelo PH BargaoHenriques, o 2º CITO na Arrábida e o famoso evento na Expo tive oportunidade de conhecer muitos dos "dinossauros", numa altura em que 100 caches encontradas pelo Mantunes foi um grande marco e FTFs, STF e coisas deste género eram algo de desconhecido.
Em 2005 vou trabalhar para a Dinamarca e é aqui que tenho o primeiro contacto com a massificação do geocaching. Cada esquina é boa para uma cache, cada nova publicação ocasião para uma corrida. Felizmente ali não se anda de carro e sim de bicicleta, de forma que bastava escolher uma longe de casa para valer a pena o passeio, com sol ou a nevar. Acho que no total das minhas perto de 400 caches mais de metade foram feitas em terras vikings.
Foi a massificação das caches, entretanto chegada a Portugal, que me levou desde há uns anos a optar por fazer um outro tipo de geocaching. Agora só escolho as que têm terreno de 3 para cima. Tudo o que seja inferior, nem que esteja a 2 metros de distãncia, passo ao lado. Ganhei alergia, fico logo com comichão e a espirrar

De forma que o ritmo voltou a ser o dos primeiros tempo, uma ou duas caches por dia, uma, ou duas vezes por mês. Sempre envolvendo uma caminhada ou algo que seja mais que chegar e logar. De resto o tempo não chega para tudo, muito menos para ir a todos os pontos verdes que os mapas neste tópico mostram, nem das caches da Terceira consigo dar conta. Mas ainda bem que há quem dê conta do recado, eu por mim vou devagar devagarinho ;)
Boas cachadas!