Além das formigas guardiãs da cache Amália, de um sapo escondido na muralha do castelo de Alcobaça (Cister View), a experiência mais bizarra passou-se há poucas semanas.

Durante a tentativa em reactivar a cache do Tremelgo, que ainda fica a uns km de minha casa, tive a excelente ideia de lá ir durante um serão. È uma zona desabitada, pelo que calculei que podia por lá andar descansado sem correr o risco de que o meu comportamento fosse considerado suspeito e tivesse de ir fazer uma apresentação do geocaching à Policia...
E por lá andei descansado, mergulhado numa escuridão total sublinhada pelo espesso arvoredo, que não deixa passar sequer o luar, quanto mais a claridade das estrelas. A única luz num raio de alguns quilómetros era a emitida pelo meu frontal.
Fui batendo cada uma das zonas onde achava ser possível esconder uma cache, assim como o seu local anterior (agora destruído), até que me lembrei de um local interessante e que ia render duas ou três estrelas à dificuldade da caçada.
Há uma estrada a delimitar este parque, que em certa altura passa sobre um túnel, sob o qual passa um ribeiro que atravessa todo o Tremelgo.
E se existisse algum detalhe na parede do túnel onde a pudesse esconder? Quem lá fosse tinha de molhar os pés!!! Boa! Boa!....

É pá mas para isso também tenho de molhar os meus...

E assim foi. Rapidamente as botas estavam sozinhas a fazer companhia a um eucalipto e tinha as calças arregaçadas acima do joelho. Imaginem a figura naquele enquadramento... [se disserem que era a minha pessoa, eu nego!!!]

A baixa temperatura da água foi ultrapassada facilmente pois nessa altura passou um malvado de um carro que me levou a preferir entrar na água quase a correr que a ser visto naquele local naquele estado...
Estava eu exactamente no centro do túnel, sob o alcatrão, a uns três ou quatro metros de cada lado, com água acima dos joelhos a tocar-me frequentemente nas calças, olhei para baixo e ... vejo a passar uma cobra a passar-me serenamente entre as pernas.

[quem começar a ler este texto nesta frase pensa que se trata de um excerto de uma conversa entre duas adolescentes atrevidas...

]
Escusado será dizer que a minha forte repulsa por este gado teve de ser posta em segundo plano e tive de esperar durante uns eternos instantes que ela seguisse o seu caminho. Ainda pensei em afasta-la com um cajado improvisado que tinha na mão, mas achei melhor não a incomodar. Apesar de ser pequena ... era uma cobra.

Quando consegui regressar para junto das botas que me esperavam pacientemente, ‘meti a viola no saco’ e a cache continua suspensa.
Aguardo o pino do Inverno, época de hibernação para recolocar a cache.