"Consciência moral
A consciência moral, que tantos INSENSATOS têm ofendido e muitos mais renegado, é coisa que existe e existiu sempre, não foi uma invenção dos filósofos do Quaternário, quando a alma mal passava ainda de um projecto confuso. Com o andar dos tempos, mais as actividades da convivência e as trocas genéticas, acabámos por meter a consciência na cor do sangue e no sal das lágrimas, e, como se tanto fosse pouco, fizemos dos olhos uma espécie de espelhos virados para dentro, com o resultado, muitas vezes, de mostrarem eles sem reserva o que estávamos tratando de negar com a boca. Acresce a isto, que é geral, a circunstância particular de que, em espíritos simples, o remorso causado por um mal feito se confunde frequentemente com medos ancestrais de todo o tipo, donde resulta que o castigo do prevaricador acaba por ser, sem pau nem pedra, duas vezes o merecido.
José Saramago, in Ensaio sobre a Cegueira"
Quem deu a noticia? a TVI claro está...
Um profissional não pode ter atitudes como aquela, seja onde e em que área for. Mas alguma coisa fez revoltar esta professora. Para abordar um assunto que diz respeito ao foro íntimo, das duas uma, ou sentia um à-vontade e experiencia tal que lhe permitia abordar este assunto como o abordou, ou então está mesmo a precisar de se submeter a tratamento psicológico.
As faltas de respeito dos alunos para com os professores são o reflexo da educação que tem em casa, se os pais não o sabem ser, como podem fazer reflectir nos filhos o respeito para com o próximo?
Se “eu”, enquanto sujeito moral, não sei respeitar o outro como igual, como pessoa, como posso transmitir esse respeito para os meus filhos? Será que os Pais foram ensinados a serem Pais? Será que os nossos Pais nos ensinaram a ser Pais? Será que foram suficientemente exigentes connosco para nos exigirem que acabássemos os nossos cursos ou formações?
É a nossa consciência que nos rege e se fazemos mal não podemos esperar bem, se fazemos ao “outro” aquilo que não queremos para nós, também não vamos receber do “outro” aquilo que queremos, mas acima de tudo, o “outro” tem Liberdade e Independência, caso não saibamos respeita-las estamos a ser invasivos e a violar a sua privacidade. Se esta invasão acontecer e o “outro” não a aceitar corremos o risco de sermos colocados no lugar, de volta ao nosso quintal, o que, por norma, custa muito…
Muitas vezes um simples pedido de desculpas público e em local apropriado serve para acalmar os ânimos, mas… os Amigos não precisam de desculpas e os Inimigos não acreditam nelas.
Neste caso, o afastamento temporário da professora e um pedido de desculpas por parte do agrupamento serve para acalmar os ânimos. Mostra que se sabe resolver problemas e quando a professora voltasse já o caso está esquecido, isto é, se a TVI não quiser o caso não é esquecido.