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Autarquias do Gerês esperam mais diálogo
Populações têm que pedir a Lisboa para ser recebidas em Braga
Ontem
ALFREDO MAIA
O novo director das áreas protegidas do Norte prometeram mais diálogo com as populações. Mas as do Parque Nacional da Peneda-Gerês já se queixam: para se reunirem com o responsável do PNPG têm pedir a... Lisboa.
A resposta foi dada à Comissão Peneda-Gerês-Com-Gente, um movimento cívico que reúne populares e eleitos de freguesias na área do PNPG que pediu uma reunião ao novo director, Lagido Domingos. "A secretária telefonou-nos a informar que deveríamos dirigir o pedido ao Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade", conta José Carlos Pires, um dos dinamizadores.
"Não faz sentido ir pedir ao ICNB para falar com o director da nossa área protegida", declara, receando estar já quebrada a promessa de diálogo feita pelo novo dirigente e pelo ministro do Ambiente, justamente na posse de Lagido Domingos (JN, 24/1/09).
O incidente desagrada ao movimento, que continua a recolher assinaturas exigindo a suspensão da revisão do Plano Director do PNPG, que prevê restrições ao pastoreio (JN, 2/1/09).
O Plano e os problemas de desenvolvimento local deverão estar em foco na 2.ª Assembleia dos Povos da Peneda-Gerês, que a comissão cívica convocou para meados de Abril. A primeira assembleia realizou-se em Julho de 1984 e aprovou um conjunto de posições que a organização considera ainda actuais (ver "ficha").
À espera de reuniões com o novo director estão também os autarcas dos cinco municípios abrangidos pelo PNPG, com mais de 70 mil hectares - Melgaço, Arcos de Valdevez, Ponte da Barca, terras do Bouro e Montalegre.
Geralmente, os novos directores reúnem-se com os autarcas entre um mês e mês e meio após assumirem funções e inteirarem-se dos dossiês. Mas a primeira abordagem poderá ser feita na reunião deste mês da Administração da associação de desenvolvimento local - a ADERE-Gerês - a que o director do PNPG preside.
Que esperam dele as câmaras municipais? "Diálogo" e "respeito pelos direitos das populações".
"Não espero mudanças, mas que haja de facto diálogo", que "tem sido possível e penso que o novo director vai manter uma boa relação com a autarquia", diz o presidente da Câmara de Melgaço, Rui Solheiro.
O seu colega de Montalegre, Fernando Rodrigues, "não espera grandes mudanças", mas pede estabilidade na gestão. "Não é bom o Parque estar permanentemente a mudar - quando muda (de director), mudam também as políticas". E reclama compromissos com as populações, compensando-as pelas restrições a actividades. "Para o Parque ter vida e desenvolvimento deve ter presença humana".
É "a questão central" para o autarca de Arcos de Valdevez, Francisco Araújo. "Trata-se de um território habitado, com espaços urbanos que se devem valorizar, com actividades agrícola e pastoril que devem ser tratadas".
A revisão do Plano Director "tem que ser mais participada pelos representantes das populações" e problemas como a gestão florestal e a preservação de valores ambientais reclamam acção, diz, ainda ressentido do "flagelo" do incêndio nas matas do Mezio e do Ramiscal (Agosto de 2006).
Vassalo Abreu, presidente de Ponte da Barca, também espera diálogo e critica a gestão "demasiado direccionada para a biodiversidade, mas esquecendo as pessoas". Insiste numa queixa: o seu "é o único concelho que não tem parque eólico". E compara proventos potenciais (um parque de 50 MW poderia render à autarquia meio milhão de euros por ano) com a renda da Barragem do Alto Lindoso (que gera 6,1% da energia de origem hídrica do país): "o que a Câmara recebe é inferior à de uma única ventoinha".
A Câmara de Terras do Bouro também espera mais diálogo. O presidente, António Afonso, define a agenda: a retoma da revisão do Plano Director da área protegida deve ser feita "com base no diálogo com as populações" e devem ser ultrapassadas questões como as restrições à pastorícia. "Mexe com direitos, usos e costumes"...
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