por lynxpardinus » sexta mai 21, 2010 10:20
Mas, na realidade, isso faz todo o sentido.
Há medida que o final do prazo para comprares bilhetes (ou seja, a data da viagem) se aproxima, menos lugares vão estando disponíveis, certo? Ou seja, menos consumidores podem comprar o produto. O que significa que aqueles que ficam com o lugar são aqueles que estão dispostos a pagar mais por ele, aumentando a margem da empresa. É pricing 1.1.
Por outro lado, no início, as transportadoras procuram cobrir os seus custos de operação - na realidade, o custo de elas venderem mais ou menos um bilhete é baixo (ou seja, um custo marginal baixo). O verdadeiro custo é o avião e o vôo - se o avião vai com 50 pessoas ou 100, é praticamente indiferente em termos de custos (falando genericamente). Portanto, a transportadora tem sempre um incentivo a colocar primeiro no mercado um número de bilhetes a preços mais reduzidos, que, se comprados, lhe garantam a rentabilidade da operação. Depois, os restantes bilhetes que vender são margem operacional (vulgo, lucro) e podem ter espaço para os colocar a preços mais elevados sem correr em risco de entrarem em prejuízo (e é favor conjugar este parágrafo com o de cima).
No fundo, são estratégias de pricing, e de como rentabilizar uma operação. Vemos um comportamento semlhante na maioria dos empreendimentos imobiliários - os apartamentos iniciais são vendidos rapidamente a preços mais baixos, para colmatar o custo de construção. O que vier a seguir, é lucro, e como o custo de esperar mais ou menos tempo para vender os restantes imóveis é negligenciável, podem dar-se ao luxo de aumentar os preços. Uma estratégia inversa é, por exemplo, seguida pelos fabricantes de tecnologia. Vamos pensar em consolas de jogos. Inicialmente, e como estás a falar de um bem de venda on-going, jogas com o boom da novidade e o apelo que vai ter a pessoas que realmente querem o produto e estão dispostas a pagar mais por ele para garantires margens altas. Depois, e para aumentar a penetração do produto junto dos consumidores, vais progressivamente baixando o preço, atingindo assim pessoas que estão dispostas a pagar menos (e depois vem uma consola nova e o ciclo repete-se). Comparem o preço das PS3 quando foram lançadas e agora...
Voltando aos aviões. As companhias aéreas também praticam preços diferentes consoante os lugares e serviços - e a diferença não é apenas entre turística e business. Diferentes lugares têm diferentes benefícios (espaço, janela, acesso às entradas e saídas, à casa-de-banho, possibilidade de troca de bilhete a prazos diferentes sem ou com penalizações,...). Há medida que os mais baratos se esgotam, sobram os mais caros e com mais benefícios.
Em três palavras, acho que é basicamente isto.