por Bargao_Henriques » quarta jan 21, 2004 09:40
O conceito e a ideia são bastante interessantes!
Existe um determinado número de situações que, progressivamente, me têm feito pensar na preservação do meio em que nos encontramos.
Primeiro caso:
Há uns 15 anos atrás estive acampado nas Berlengas, com os escuteiros, num projecto que tinha como finalidade limpar e reparar alguns dos trilhos que atravessam a ilha, nomeadamente nas zonas de reserva integral.
Acampados ao nosso lado estava um grupo de jovens do Norte da Europa (não me lembro bem de onde, talvez da Noruega).
Durante uns dias fomo-nos acompanhando ao fim das tardes, numas conversas em grupo.
Quando eles se foram embora aconteceu uma coisa que me marcou definitivamente mas que, na altura, alguns acharam que era fanatismo ambientalista: quando desmontaram o acampamento, conseguiram não deixar qualquer marca! NADA, RIEN! Até os pauzinhos dos fósforos eles levavam... Correcta consciência, exagero? Dá que pensar...
Segundo caso:
Sou geólogo e, como quase todos os geólogos do mundo, gosto de observar as pedras e as suas particularidades. Quando visito um determinado local de interesse, uma jazida com fósseis, por exemplo, sinto-me tentado a colher uma amostrinha, para mais tarde recordar. Este acto isolado poderá não ter grande importância (dependendo da raridade do objecto colhido, claro) no entanto, um grupo de geólogos ou de alunos de geologia já poderá ser entendido como uma séria ameaça para a preservação de determinados monumentos geológicos. A minha experiência diz-me que a minha classe age com bastante bom senso, mas será sempre assim? E nos outros caso, como quem adora plantas, por exemplo, a situação repete-se...
Terceiro caso:
Erosão e danificações causadas pelas actividades ao ár livre. Um caso paradigmático é o da erosão causada pelos veículos TT, que teimam em rasgar a paisagem, especialmente se ela for bastante virgem. Esta é uma situação que observo com grande tristeza em Ribamar (Ericeira), terra onde tenho as minhas origens. Toda a zona sobre as falésias, junto ao mar, está cortada e recortada por trilhos de Jeeps. O mesmo se passa nas zonas dunares, como S. Jacinto, por exemplo, sendo que nestes casos o ambiente é muito mais sensível... Quem o faz, apenas procura um pouco de diversão e lazer entre amigos, ou com a família. Mas será que tem direito a fazê-lo?
Por outro lado, no Domingo fui procurar a cache da Boca do Inferno. Como ela não estava a cooperar, acabei por ter de andar às voltas pelo local durante algum tempo. Acabei por encontrá-la e fazer o log, etc. Quando me estava a afastar para me vir embora reparei nos estragos que tinha causado... A cobertura de chorões que existe na zona tinha ficado toda pisada... Apesar de aquelas plantas serem infestantes, pelo que nem deveriam estar ali, o que acontece é que estão! Se lá for um geocacher por semana, não sei se lá permanecerão por muito mais tempo... Mas pode ser que os próximos geocachers sejam mais cuidadosos que eu...
Conclusão:
Acho que, progressivamente, vou tendo mais atenção à abordagem que faço à natureza, mas sem esquecer que tenho de continuar a andar com os pés no chão e que, talvez devendo evitar danificar em demasia o meio que rodeia, também não deixarei certamente de o percorrer e de usufruir do que de bom ele tem para me dar.
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