Alô! É do 112? Estou sinistrado nas coordenadas...

[MAntunes]

Começo por declarar que "não descobri a roda".

O tópico que apresento de seguida, vi-o nos foruns do gc.com:  http://forums.groundspeak.com/GC/index.php?showtopic=62651 que, por sua vez, se basearam neste log: http://www.geocaching.com/seek/log.aspx?LUID=d8993533-745a-4818-acc1-08ef1d99b4e1.

Pareceu-me, no entanto, que este assunto também poderia ser discutido entre nós e, se houvesse "vontade política", poderíamos tentar uma qualquer campanha de sensibilização junto das entidades que socorrem pessoas e bens para as sensibilizar-mos no sentido de encararem a utilização do GPS como ferramenta de apoio às suas nobres missões.

Imaginem a seguinte situação:
Uma pessoa ou família, viaja por um qualquer ponto do país, numa das estradas mais secundárias e remotas que por cá temos, a vários quilómetros da povoação mais próxima. Tem um acidente de qualquer tipo - com a viatura ou, estando a caminhar por um trilho fora das estradas, caí ou alguém tem um problema súbito de saúde. Se tivesse telemóvel e a zona estivesse coberta pela rede (que está a caminho da coberrtura do país a 100%), poderia chamar o 112 e obter ajuda para o problema. Mas... quando chega o momento de identificar, com precisão, o local do incidente aparece o problema: "Estou ao pé do monte que se vê daqui e passei hà x minutos/horas por uma placa que dizia...".   O local é desconhecido para o cidadão que pede ajuda - provavelmente nunca passou por ali ou, se passou, nunca se inteirou do nome do local...  Agora imaginem que a pessoa tinha um GPSr - o que com a massificação em curso e com o aparecimento cada vez mais de carros com este tipo de dispositivos, dentro de alguns anos, será comum - e que conseguia comunicar a localização exacta, através de coordenadas, do sítio onde está ou onde deixou a viatura... Provavelmente, algum  dia, em alguma situação particular, esse "pormenor" poderia fazer a diferença...

O que proponho para discussão, é se valeria a pena organizarmo-nos de qualquer maneira e tentar contactar as organizações de apoio à comunidade, de modo a tentar sensibilizá-las para  o uso do sistema GPS como um meio que pode ser importante nas suas missões cívicas. Poderíamos oferecer ensinamentos no sentido da  compreensão e posterior uso do distema GPS. Talvez até, se conseguisse organizar algumas sessões práticas no terreno. Quanto ao equipamento, poderíamos sugerir o contacto com os representantes das principais marcas no sentido de conseguir algumas unidades gratuítas ou a preço reduzido, a troco da menção/publicidade à referida marca/representante (ainda ontem "vi" a SIBS oferecer 9.500 pinheiros À CM Vila de Rei. Noutras situações outras entidades coemrciais oferecem ambulâncias ou diverso equipamento...)

Que opinam?
Dá trabalho? Certamente.
Vai-nos tomar tempo? Absolutamente.
Vamos enfrentar alguma tacanhez e imobilismo? Provavelmente.
Poderá ser útil? Penso que sim.

[Bargao_Henriques]

Excelente tema, MAntunes!

Eu próprio já passei por uma situação desse tipo, quando andava a fazer cartografia dos mármores na Serra de Viana do Alentejo. Lá do alto, no meio das silvas que tanto gostas, avistei o início de um foco de incêndio a uns quilómetros de distância.

Naquela altura ainda não disponha de um GPSr o que, confesso, pouco ajudaria naquela situação específica.

Bem, primeira coisa a fazer, pensei, localizar no mapa o local. Azar... estava fora do mapa de que dispunha...

Então decidi sacar do telemóvel e tentar uma abordagem mais clássica, com a bússola.

Liguei para o 117 e a primeira coisa que ouvi quando denunciei um início de incêndio foi que "deveria ligar para o 117 e não para o 112!!!" Enfim, como ele próprio, entre resmunguices, passou a chamada para o local certo, preferi não perder tempo a explicar que realmente tinha ligado para o 117...

Quando finalmente descrevi a situação à pessoa certa, tentei dar a melhor localização possível, fornecendo a indicação de onde estava e o azumite do local do fogo.

Não sei se compreenderam totalmente o que transmiti, mas creio que sim porque, uns 15 minutos depois comecei a ver o fumo negro a tornar-se progressivamente mais branco, até se extinguir, passado para aí uma hora.

O método funcionou bem neste caso, porque um incêndio é uma coisa fácil de ver. Se eu estivesse caido num buraco e tentasse dar a minha localização desta forma, talvez fosse melhor esperar até que os abutres se começassem a juntar no ár, por cima de mim, para então me encontrarem...

Tanto quanto sei, nos Centros de Coordenação Operacional, e mesmo nos normais Quarteis de Bombeiros, existem painéis com as cartas militares das zonas por que são responsáveis, o que sempre é uma boa ajuda. Agora, quanto a saber trabalhar com coordenadas, isso talvez já não seja tão comum... Muito menos encontraremos alguém que saiba interpretar os valores do datum WGS84, ainda por cima em coordenadas geográficas, que nós temos de usar, pela questão de o geocaching ser um jogo global...

No que respeita à utilização de GPSr, creio que já são utilizados, pelo menos pelos Postos de Comando, no teatro de operações. Mas duvido que vá muito além disso, devido às enormes dificuldades de equipamento que este tipo de corporações sente.

São lendários os problemas que as forças autoridade e socorro têm a nível de comunicações e coordenação e nem agora, com o Euro 2004, se aproveitou para corrigir a situação.

Quanto aos GPSr acho que, talvez depois de ser um aparelho de utilização comum no nosso pais, talvez aí consigamos recorrer ao expediente que desscreveste.

À medida que as forças de socorro e segurança começarem a implementar sistemas de SIG para a gestão das ocorrências, aí sim, a utilização e compreensão dos dados de localização por coordenadas será garantida e absoluta. Esperemos que este seja um passo natural, a tomar dentro de poucos anos...

Quanto à tua proposta, em concreto, não creio que venha a dar frutos muito recompensantes, mas acho que podemos tentar uma abordagem ao SNBPC para tentarmos perceber em que estado andam as tecnologias no nosso país.

Este passo deverá ser o primeiro a ser tomado. Depois, se der frutos, logo poderemos tentar estender um pouco os "tentáculos".

[Bargao_Henriques]

Bem, aqui está mais um exemplo que poderá servir como exemplo para as autoridades portuguesas...
Se bem que, no caso dos pescadores profissionais e da polícia marímita, concerteza que já utilizam este tipo de tecnologias.
Agora, se o pedido se socorro for feito para a GNR de Moura, por exemplo... Nesse caso duvido que dê grandes resultados...

"http://www.cnn.com/2004/TECH/01/28/lake.rescue.ap/index.html

GPS tech helps in ice rescue
Wednesday, January 28, 2004 Posted: 11:11 AM EST (1611 GMT)

Cleveland, Ohio (AP) -- Cell phones, night-vision goggles and a satellite tracking system are being credited with helping save 14 fishermen who were stranded on ice in Lake Erie.

The Coast Guard was able to more easily find the men this week because they had Global Positioning System receivers, which allowed rescuers to track a satellite signal.

The guard´s goggles allowed them to see five miles ahead in the twilight and the men had used their cellular phones to call for help when the ice floe broke loose northwest of Catawba Island.

Coast Guard commanding officer Mark Butts says the men did everything right.

Everyone was back on land within two hours. No one was injured.

The guard warns people to stay off the lake ice, yet officers rescue an average of 50 to 100 people from ice floes each year."

[guest]

Viva!

Em alguns países civilizados, as equipas de salvamento estão preparadas para intervir em terreno acidentado com base em indicações a partir de cartas com quadrícula UTM, semelhantes à nossa M888, normalmente utilizadas por montanhistas, caminhantes e amantes de desportos radicais.
Outra coisa - a tecnologia GSM permitia já há alguns anos determinar as coordenadas (não sei qual a precisão) do telefone - lembro-me de ver alguns telemóveis com rede Vodafone com possibilidade de solicitar as coordenadas as quais eram recebidas por SMS. Com pouco mais não será muito difícil ao 112 localizar imediatamente onde o telefone se encontra.

[2 Cotas]

Boas.

Depois de assitir á discussão, resolvi ir saber o que se passa. Aqui vai o que obtive. Ajuda?

Sent: qui 29-01-2004 11:55
Destination: inem@inem.min-saude.pt


Bom dia

Faço parte de um grupo de utilizadores de GPS em actividades outdoor.
Uma duvida surgiu relativa á possibilidade de socorro por localização utilizando esta tecnologia.
É possível ser socorrido pelo sistema nacional de emergência médica, 112, indicando como melhor referencia a localização indicada pelos aparelhos?
Esta situação ocorre muitas vezes ao efectuar deslocações em áreas remotas, sem outras referencias utilizáveis que não unicamente esses os sinais de localização e onde a utilização do mapa não é regra geral util. Por exemplo a localização:
N38 52.498 W9 13.098      
, sendo perto de Lisboa, mais concretamente a cerca de 1 KM de Ponte de Lousa é quase impossível de referenciar em mapa.
Era possível dando unicamente essas coordenadas pelo 112 ser assistido em caso de necessidade?

Obrigado pelos esclarecimentos

Cumprimentos
Santos Azevedo


Resposta recebida a: seg 02-02-2004 17:29


Exmo. Senhor Santos Azevedo,

Muito obrigado por ter visitado a página na Internet do INEM e pela mensagem
que nos enviou. Relativamente à questão que nos coloca, informamos o
seguinte:

O sistema de localização por GPS nos Centros de Orientação de Doentes
Urgentes (CODU) esta a ser progressivamente instalado mas só ficará
disponível a partir do início do mês de Março.
Neste momento a localização terá que ser feita por pontos de referencia
espaciais e não por coordenadas GPS. Dentro em breve será possível então
efectuar a localização das ocorrências pelas coordenadas GPS.

Actualmente, os helicópteros do INEM estão - naturalmente - equipados com
GPS, pelo que se a ocorrência justificasse o envio deste tipo de meio, as
coordenadas seriam úteis à tripulação.

Esperamos ter respondido à questão, mas caso subsista alguma dúvida não
hesite em contactar-nos novamente.

Melhores Cumprimentos

Pedro Coelho dos Santos
Gabinete de Informação
Instituto Nacional de Emergência Médica
Rua Almirante Barroso, 36 / 1000-013 Lisboa - Portugal
Tel. 00 351 213 508 108 / Fax. 00 351 213 508 183
Telemóvel: 00 351 963 902 534
e-mail: pcsantos@inem.min-saude.pt
Internet: www.inem.min-saude.pt

[Bargao_Henriques]

Ena!
Março!

Esta pareceu uma resposta "à político" mas, desta vez, de forma perfeitamente credível.

Boa, INEM!
Esperemos que a partir de Março a referenciação de locais de acidentes por coordenadas, por exemplo através de um GPSr, seja uma realidade em todo o pais.

Vou-me sentir mais seguro quando andar no campo!

[MAntunes]

É, sem dúvida, uma boa notícia.

(Tenho que testar o sistema para ver se funciona - Ei! P. M., quando é que colocas a tal cache que mete espeleologia?)

[pmateus21]

Espeleologia ?! Acho que há para ai uma confusão ! A minha metia era agua , mas tanta agua que acho que já há para ai alguêm com a mesma ideia ! E pelos vistos no mesmo local !

Vamos ter de resolver isto a bem ... eheh

[ricardobsilva]

Boas

Uma achega, principalmente à dúvida do Paulo Martins em relação à localização através do telemóvel.

De facto é possível saber onde determinado telemóvel se encontra. O problema mesmo é a precisão. Ou seja, os operadores conseguem determinar facilmente a célula em que o telemóvel está ligado. Isto em Lisboa é relativamente útil, pois existem bastantes células, mas cada uma abrange sempre uma área de algumas centenas de metros. Se passarmos para zonas menos povoadas, estas células crescem bastante e então podemos estar a falar de áreas enormes em que o conceito localização perde o sentido.

Um abraço

Ricardo BORDEIRA Silva

[MigRocha]

Viva.

O que eu posso acrescentar a este tópico é que já existem telemóveis com GPS (até já existe um relógio de pulso com GPS!) e a evolução natural é no sentido de todos os telemóveis serem equipados com receptores. Penso que daqui a poucos anos se verá a massificação total do uso do GPS, e nessa altura fará sentido gastar alguns milhares de contos para equipar as forças de socorro com aparelhos, e dar-lhes formação sobre o GPS. Para já não me parece que faça muito sentido, exactamente por causa da falta de formação e conhecimento dos principais agentes de socorros.