Apanhado em propriedade privada

[geo-amd]

Alguém tem histórias para contar relativamente a ser apanhado em terreno privado durante o geocaching?
Qual a melhor maneira de lidar com os vigilantes?

Eu já tive três casos na minha carreira (o último foi ontem), mas tudo sempre correu bem no final:

- O primeiro foi há perto de três anos na zona da Torre Velha, freguesia da Caparica, Almada. Este caso meteu dois vigilantes e 3 cães. Os cães eram meiginhos e parece que gostaram das minhas festinhas.

- O segundo foi no último mês de Agosto. O vigilante veio de bicicleta expulsar-me. A multicache tinha muitas gaitinhas, mas não fórmula de verificação, e as coordenadas deram-me numa enorme zona de criação de peixes. Gaita para as gaitinhas, digo eu. O ponto zero fazia sentido, junto a um poste, 400 metros no interior da propriedade, e por isso pensei que a cache estivesse autorizada pelos proprietários. Eu expliquei que tinha transposto num ponto sem vedação, por mera curiosidade. [The Lagos 6 + 1 - #4 Odiáxere]

- O terceiro caso ocorreu ontem de tarde. Foi um pouco diferente dos anteriores porque não resultou realmente em expulsão. Eu estava em terreno semi-privado e fiquei convencido de que os três indivíduos que se aproximavam me vinham expulsar. Mas não. Eram caçadores que queriam saber o que andava eu ali a fazer a vários Kms da Civilização [simplesmente jogging, disse eu] e me queriam avisar que ali mesmo era o centro da acção no caso de se estar a realizar alguma caçada. Tenho quase a certeza de que eles também estavam ali sem autorização. Aquele enorme pinhal privado não tem, nem nunca teve, vigilância e os donos não se preocupam muito com isso, parece-me. [PEDRA NEGRA (Quinta da Apostiça)]

Das três vezes fui sempre detectado ao longe e deixei-me sempre ficar, aguardando que viessem ter comigo. Sempre tive bons modos e, como reação, também fui sempre bem tratado. Parece-me que o objectivo dum vigilante é impedir que os estranhos entrem, e se já entraram, levá-los a sair. Suspeito que o pior que se pode fazer será tentar fugir.

[MightyReek]

O ideal será sempre actuar de um modo natural e sem sobressaltos. Afinal de contas ninguém vem a correr na nossa direcção de modo agressivo.
Se houver agressividade da outra parte ainda temos hipótese de mostrar que estamos por bem e que não sabíamos que estávamos a trespassar a propriedade e que iremos imediatamente sair dali... Se as coisas piorarem já temos que avaliar as nossas opções.

Nos casos que relatas, penso que numa simples troca de palavras a situação ficou esclarecida e não houve nada de mais. Apesar de teres sido expulso em 2 ocasiões, em alguma te sentiste fisicamente ameaçado?
Na terceira, se a zona não estava vedada e não havia sinais de proibição de entrada não tinhas problemas nenhum com a presença na propriedade privada, pelo que relatas penso que os caçadores estavam mais preocupados com a tua segurança que com outra coisa qualquer.

Resumindo para mim o ideal será sempre uma reacção calma, natural e um pedido de desculpas pelo trespasse. Dependendo do tom dos interlocutores ainda podemos juntar algum pedido de informações sobre até onde se estende a zona interdita, ou se há alguma possibilidade de pedir uma autorização para visitar, etc. Acho que fica sempre bem e saímos bem vistos da situação.

[strangedays]

Quem já anda nisto há uns tempos tem de certeza umas boas histórias para contar.
Entre várias tenho uma em Viseu, que meteu polícia e tudo.
Chegámos ao GZ e deixámos o carro estacionado numa rua estreita mas com dois sentidos.
Seguimos para a cache, foi um valente DNF.
Quando voltámos ao cachemobile, tinhamos à nossa espera uma família indignada porque a carrinha onde vinham, não passava para a casa deles, meros 150m mais à frente.
http://www.geocaching.com/seek/log.aspx?LUID=7c1d626b-ac3d-440e-9413-a38973d497df
É claro que estavam cobertos de razão, na pica e pressa de ir à cache, não deixámos espaço para passarem.
A coisa esteve preta porque o Pozal dos Galaxy já queria meter a mão no homem.
Com calma tudo se resolveu, quem acabou por amaciar a coisa foi a mulher do senhor.
Com tudo sanado chegou a polícia que simpaticamente nos conduziu até à saída de Viseu.
Acabámos de nos tornar personas non gratas a Viseu, desde aí nunca mais lá voltei.
Fiquei com pruridos em relação à Tia Micas, nunca mais lá volto !

A segunda foi uma aventura na lezíria com toiros e tudo.
Cortesia do Almeidara, pois então.
http://www.geocaching.com/seek/log.aspx?LUID=0f02320a-3054-4ee8-ad8b-cfadbefbc05c
A minha sócia ficou no cachemobile e nós fomos até à cache, passando pelo enorme letreiro de Privado, que não me deu jeito nenhum ver. Ao fim de um bocado já o rendeiro andava de jipe à nossa procura, depois de ter ido falar com a minha sócia. Pelo meio muitos novilhos, vacas, toiros e cancelas. Desta vez ia acompanhado pelos miudos e foi uma aventura e peras.
Chamo a GNR-disse ele, Pode chamar à vontade-retorqui de imediato. Quem não deve não teme e se há tipos que fazem coisas bem piores do que trespassar uma propriedade e não vão dentro, porque raio havia eu de ir?
Tudo correu bem como sempre. É preciso é calma e descontracção !

[ajsa]

Existem conflitos, alguns com consequências graves, que poderiam ser evitados com alguma atenção e bom senso.

A pergunta que devem fazer em primeiro lugar é: “Como reagiriam se chegassem a casa e estivesse um estranho na vossa sala ou, vá, um pouco mais simpático, no interior do vosso jardim com um murinho todo lindo a demarcar o território?

Pois, certamente não iriam gostar, iriam olhar de lado e talvez até tomar posições mais agressivas.

É exactamente a mesma coisa!

Vivo no meio duma propriedade onde o meu vizinho de frente está a 2 kms. Os limites mais próximos da construção que eu chamo de casa estão a 500 metros da mesma, mas este espaço continua a ser meu, está bem demarcado e faz parte integrante da minha casa – é a minha casa, é o meu jardim.
Como é lógico, se aparecer um estranho dentro do meu jardim, eu tenho mesmo de ficar desconfiado, afinal, são muitas as notícias de assaltos a propriedades isoladas. Nestas alturas eu costumo ir ao seu encontro juntamente com o meu amigo Valter que gosta muito de ir no meu bolso.

Já aconteceu, ser acordado com sons estranhos e ter de ir até ao meu jardim com o Valter ver o que se passa. Recordo-me de há três anos atrás, irem com uma carrinha ao monte do meu vizinho, rebentarem a vedação e roubarem 30 ovelhas e 18 borregos. Ora, perante tamanhas situações, quem vive nestas circunstâncias terá de ter alguns cuidados que não passam só por chamar a GNR uma vez que correm bem mais devagar que o Valter e que, infelizmente na maior parte dos caso graves, chegam tarde de mais.

Agora, com honestidade, como actuariam numa situação destas. O que fariam se fossem visitados assim sem mais nem porquê por estranhos e que ainda por cima se armam aos pingarelhos (desculpem a expressão).

Se diz propriedade privada é para não ser invadida – não passar!
Se tem vedação é porque alguém a lá pôs e como tal pode ser que não seja para passar.
Se a vedação tem mais de 2 metros de altura, definitivamente não é para passar.
Se tem gado, não é para passar e incomodar a sua digestão. Por vezes, algumas propriedades são guardadas com bovinos escuros com mau feitio ou então por canídeos que amam mais o seu rebanho que o próprio dono.
Se tem culturas, não é para passar. O proprietário pode entender que querem fazer colheitas de pré-maturação
Se o dono diz que não é para passar, acatem esta informação com cordialidade. Ivadiram o seu espaço sem permissão e acreditem que ele pode estar nos seus piores dias e depois nem sempre a jurisprudência está do vosso lado.
Em suma, se o owner da cache não refere qualquer eventual passagem em propriedade privada... (porra pá, tenho de fazer um desenho?)

Não arrisquem, o jogo não vale isso!


Para concluir que o testamento vai longo, tenho (tinha) uma cache que estava colocada numa zona de acesso completamente livre. Tinha waypoints com a indicação do seu caminho sempre por acessos públicos mas mesmo assim as pessoas insistiam em entrar em zona de acesso restrito e segurança apertada e ainda vinha reclamar o facto para a cache. Que nome poderei dar a isto, ignorância ou parvoíce natural? A solução foi mesmo arquivar a cache.

[geo-amd]

Este assunto tem mais pano para mangas do que eu imaginava.

A perspectiva do ajda é a base de tudo: a propriedade privada é para respeitar. Além disso, numa propriedade situada numa zona onde já tenha havido roubos, o risco de quem trespassa é muito maior. Bem visto!

Mas também há caches autorizadas em zonas privadas (lembro-me de algumas...). Se houver uma forte convicção de que as continhas estão certas e são compatíveis com o que se vê no terreno, há uma tendência para se concluir do momento que a cache foi autorizada ou está numa propriedade do owner.

O problema é quando se descobre o erro e se vê ao longe o vigilante aproximar. O MightyReek pergunta se nos meus casos me senti fisicamente ameaçado. Como disse, as coisas correram bastante bem e o diálogo foi sempre minimamente cordial. A aproximação do vigilante criou-me apenas um ligeiro stress; eu esperaria ficar assustado, mas não foi assim. Se calhar tive apenas sorte -
o strangedays relata duas peixeiradas e até me fez rir.

Vendo bem, este é o ponto fraco das multicaches com gaitinhas. A partir de 2 gaitinhas devia ser obrigatório incluir uma fórmula de confirmação. Feitas e refeitas as continhas, se as coordenadas derem numa propriedade privada com um acesso visível, é legítimo assumir que a cache foi autorizada pelo proprietário do terreno (se assim não fosse, a cache não teria sido aprovada - faz parte das regras...)

[lynxpardinus]

Na Grã-Bretanha, resolveram o problema desta forma - http://gagb.co.uk/land-agreements-database/ .

[geo-amd]

ali mesmo era o centro da acção no caso de se estar a realizar alguma caçada.

Eu ia colocar um pedido de arquivamento desta cache nova, PEDRA NEGRA, mas o SUp3rFM antecipou-se e já a tinha arquivado. Era uma excelente cache, mas teve de ser.

[geopate]

Tenho uma experiência similar mas não estava em terreno privado,
aqui vai em estilo novela

Andava num local onde pensava colocar uma cache e para isso subi uma rampa de terra batida paralelamente à estrada de asfalto e enquanto observava o local, vem uma carrinha. Eu nas calmas, vou indo embora em direcção ao meu carro, pelo mesmo sentido, aliás único, ou seja, iria passar por ele.

Geralmente toda a gente diz “boa tarde”, mas com o ar carrancudo do senhor nem sequer lhe disse nada...
Nisto, pergunta em tom mais ou menos agressivo, depois de me medir de alto a baixo e de passar por ele:
“O que é que anda aqui a fazer?!”
E eu, “Porque? Isto é seu?”
Vai ele, “Não, mas aquele local é!” E aponta para uma zona a cerca de 4 metros, vedada…

A “conversa” continuou, dizendo-lhe que não tinha nada que me perguntar o que andava ali a fazer, visto não estar em terreno privado e não estar a fazer nada de mal. Ainda lhe perguntei se ele passasse na “minha” rua, se acharia normal perguntar-lhe o que andava ali a fazer.

Claro que a melhor atitude é de calma e diálogo e embora costume agir dessa forma, não o fiz nesse dia.

Geralmente em locais mais ermos, o que até não era muito o caso, entendo que como o Ajsa disse, há quem haja desconfiado depois de ver situações de roubos, etc… mas também ainda prevalece o problema da pertença de espaços que são de todos.

Recordo-me de um log de alguém que fez umas caches na aldeia de Monte Penedo, em que um natural pergunta a um Geocacher “O que querem da nossa terra?” É evidente que é uma atitude de protecção a um lugar que não passando lá ninguém a não ser os residentes é de desconfiar, mas este proteccionismo às vezes irrita um pouco, devido à falta de abertura para que simplesmente compreendam que certos espaços pertencem a todos e a ninguém.

Outra que aconteceu foi, enquanto fazia as contas de uma multicache, sentado num banco de uma aldeia; ouço um homem a perguntar diversas vezes para a família, “Mas quem é aquele senhor?”.

Para concluir a novela e depois de mais uma troca de perguntas e respostas, o senhor lá me pediu desculpa, que já tinha visto que não andava ali a fazer mal... "Ponha uma pedra em cima do assunto", disse ele.

...quase que ficamos amigos

e com isto o lugar para colocar a Cache esfumou-se

[ViperUnderground]

(...) Como é lógico, se aparecer um estranho dentro do meu jardim, eu tenho mesmo de ficar desconfiado, afinal, são muitas as notícias de assaltos a propriedades isoladas. Nestas alturas eu costumo ir ao seu encontro juntamente com o meu amigo Valter que gosta muito de ir no meu bolso.
(...)

Já aconteceu, ser acordado com sons estranhos e ter de ir até ao meu jardim com o Valter ver o que se passa. Recordo-me de há três anos atrás, irem com uma carrinha ao monte do meu vizinho, rebentarem a vedação e roubarem 30 ovelhas e 18 borregos. Ora, perante tamanhas situações, quem vive nestas circunstâncias terá de ter alguns cuidados que não passam só por chamar a GNR uma vez que correm bem mais devagar que o Valter e que, infelizmente na maior parte dos caso graves, chegam tarde de mais.

Calúnias!! Eu nem sequer corro!! E quando faço "bang, bang" não aleijo ninguém!!

[MightyReek]

Nestas alturas eu costumo ir ao seu encontro juntamente com o meu amigo Valter que gosta muito de ir no meu bolso.

Resumindo, geocaching na freguesia de Brinches, faz mal aos ossos...

Na Grã-Bretanha, resolveram o problema desta forma - http://gagb.co.uk/land-agreements-database/ .

Esse tipo de abordagens aos municípios e organismos locais é uma das vantagens que uma associação pode ter, mas isso é outro assunto.

[ajsa]

Nestas alturas eu costumo ir ao seu encontro juntamente com o meu amigo Valter que gosta muito de ir no meu bolso.

Resumindo, geocaching na freguesia de Brinches, faz mal aos ossos...

Faz mal aos ossos e aos carros.

Estou-me agora a lembrar duma história que se passou no meu quintal.
A determinada altura, deverá ter sido por esta época, eu estava a fazer um tratamento fitossanitário às oliveiras com aplicação de insecticidas e fungicidas quando fico com a sensação de estar alguém a meia dúzia de metros à minha frente.

Achei aquilo muito estranho e não tive mesmo alternativa senão a de para a máquina para ver bem o que se estava a passar.
Como a cabine do tractor é pressurizada, não costumo ter o equipamento de segurança sempre vestido, pelo que tenho de primeiro vestir as luvas, por a máscara e óculos antes de sair uma vez que a % de partículas altamente tóxicas que ainda pairam no ar é elevadíssima.

Ando alguns metros e vejo um compadre com um baldinho (destes de pedreiro) na mão a apanhar azeitona para conserva.
Que diabo, mas este tipo não é bom da cabeça! Aproximo-me e digo "buh bgha bga bugd" ao que ele responde "Ahm"?

Ando mais um pouco, tiro a máscara e digo, "Mas você tem a noção do que está afazer?”
“Atão home, estou apanhando uma azeitonita para conserva, na aldeia disseram que aqui ela estava bonita ê grada!”
Eu não queria acreditar no que estava a ver, e volto a dizer “Então você não vê que a azeitona tem a química (os tratamento são assim conhecido no meio) com o veneno da mosca?”
O homem fica bruto e diz, “você não quer é dar a azeitona!”. Bom a minha paciência terminou e tive mesmo de dizer: “O quê? Você não percebe que me está a roubar? Não teve de atravessar a vedação ou não sabe que isto não é seu? O que acharia se eu fosse a sua casa roubar as cuecas à sua mulher? Ponha-se já no (pipipipipipipi)”

O homenzinho, não disse mais nada, pegou no baldito e começa a sair da propriedade ao que eu digo, “Ei, lá, vai embora mas a azeitona fica. É minha, percebe?”

Bom, moral da história, não é só a questão de invasão de propriedade, é também uma questão de segurança. Podem estar a entrar em locais temporariamente tóxicos sem se aperceberem.

[MAntunes]

Bom, moral da história, não é só a questão de invasão de propriedade, é também uma questão de segurança. Podem estar a entrar em locais temporariamente tóxicos sem se aperceberem.

Ah! Isso não tem problema!

Quando me aparecer alguém com uma máscara, na companhia do seu amigo valter, a dizer-me "buh bgha bga bugd" e a mandar-me para o pipi, eu sei logo que o local não é saudável!

[geopate]

Bela história amigo António! Fez-me lembrar o Back to the Future deste tag!
Não resisti à brincadeira!




Agora a sério, obrigado pelas dicas! Realmente por vezes entramos em alhadas por causa de um Tupperware que não vale qualquer risco desmedido!

[ajsa]

Hahahahahahahahaha

Há mais histórias.
Quem vive "isolado" (que tranquilidade, podemos berrar à vontade que o visinho não manda calar) está habituado a coisas engraçadas outras nem por isso.

[CPTeam]

Aconteceu-nos nesta cache.

Não estava vedado a peões, mas a estrada tinha uma cancela que dizia "Propriedade privada" ou lá o que isso queira dizer...

Como só tínhamos a listing da cache sem os logs anteriores, não sabíamos que já tinha havido problemas com outros geocachers.
Entrámos pela berma da estrada, que curiosamente tinha um carreirinho até à estrada que lhe dava acesso. Quando estávamos em busca da cache apareceu um senhor que nos disse que estávamos em propriedade privada e que não podiamos estar ali.

A Cátia com o seu dom em relações publicas, lá convenceu o homem que só estávamos a tirar umas fotos para um trabalho sobre arquitectura da época (ainda bem que ele não perguntou qual época...).
Não encontrámos a cache, mas enviámos mails ao owner sem resposta. Quando fomos ver os logs anteriores, verificamos que quase todos diziam o mesmo.
Aliás, achamos estranho o referido casal ainda não saber o que é o geocaching. Com tantas visitas que teve...