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até que ponto o GPS é indispensável?

Assuntos gerais sobre o geocaching

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até que ponto o GPS é indispensável?

Mensagempor alieri » quinta mai 10, 2007 01:51

Pergunto isto porquê?

Dantes não havia GPS e a malta viajava na mesma, e quando se perdia perguntava a alguém o caminho.

OK! é certo que há sitios onde não há viv'alma, mas por exemplo nas povoações/cidades há sempre alguém a quem perguntar.

Também sei que a ideia é ter um par de coordenadas e ir com o GPS atrás delas. Mas também já vi muitas caches cuja localização é explicada de forma 'analógica', tipo "cidade tal, jardim dos eucaliptos, à direita da estátua X". Basta perguntar a alguém onde fica o jardim dos eucaliptos, certo?

Ao confiar apenas no GPS, estaremos a perder a capacidade de contacto com desconhecidos? - Nos filmes americanos é que a malta pede sempre dinheiro a troco de informações :) Em portugal ainda não vi disso.

Estaremos a pouca distância de confiar a nossa vida (ou pelo menos os nossos tempos livres) aos gadgets e tecnologias?

Ou seja, será que preciso mesmo de levar comigo um GPS, um PDA, e mais dois ou três aparelhómetros? Afinal, vou passear ou vou para o espaço? :)

Espero que não interpretem isto como uma crítica, mas antes como um desafio ao debate.
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Mensagempor Torgut » quinta mai 10, 2007 02:50

Perguntas mas perguntas de forma. Porque não se percebe o espectro da questão. Será o GPS indispensável para quê? Para a nossa vida quotidiana? Para encontrarmos o nosso caminho? Para practicar Geocaching?

Creio, com algumas dúvidas, que a questão incide na terceira e última hipótese. E assim sendo, começo por manifestar o meu desagrado sobre algo recorrente: a perda do sentido original das coisas.

Pois se o Geocaching foi criado para "comemorar" a abertura do GPS ao público civil e, de certa forma, para demonstrar as suas possibilidades, como é que se pode pensar em subverter completamente a sua natureza e insinuar que se calhar não é preciso uma unidade GPS para isto?

Muito bem. Podem-se encontrar tesouros sem um GPS. Podem-se conhecer locais bestiais sem um GPS. Podem-se fazer caminhadas deslumbrantes e conviver com a natureza sem um GPS. Mas isso será, respectivamente, encontrar tesouros, conhecer locais bestiais, fazer caminhadas deslumbrantes e conviver com a natureza. Será tudo isso, à vez ou em conjunto. Mas sem um GPS deixou de ser Geocaching.
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esclarecimento

Mensagempor alieri » quinta mai 10, 2007 03:51

talvez o título do post não seja o mais claro, e o texto do mesmo tb esteja confuso. e agora que o li novamente, tenho q concordar contigo. clarifico...(ou não :) )

percebo o reparo que fazes acerca da origem do geocaching. penso no entanto que é possivel, em determinadas circunstâncias que referi no post anterior, encontrar caches sem gps. colocá-las é que se torna mais dificil, ou não (?). e penso que não desvirtua o sentido original, na medida em que alguém teve que usar o gps para esconder a cache e divulgá-la.

sei que isto dito assim não faz muito sentido, mas imagina isto: tens uma cache para encontrar. as pistas dizem-te que tens que ir, por absurdo, do rossio à estátua do marquês de pombal. segues a pé pela av. da liberdade normalmente ou vais de olhos postos no gps para perceber o caminho? se não conheceres a zona, sem o gps e se perguntares a alguém, vais ficar a saber onde é o marques de pombal na mesma.

argumentação à parte, a pergunta que faço, no fundo, é esta:

** até que ponto a prática destas actividades que dependem dos gadgets estão a modificar o modo como as pessoas se relacionam com os outros, precisamente pelo uso desses aparelhos?

( da mesma forma como o surgimento dos telemoveis e dos sms, ou o uso do IM veio afectar a maneira como os putos (e não só) escrevem - e este é apenas um exemplo. )

por isso, Torgut, as questões que levantei vão nesse sentido mais 'geral' de análise comportamental. não pretendo desvirtuar o geocaching, retirando-lhe o gps. seria como fazer btt a pé, certo? :)

no caso concreto do uso do GPS no quotidiano, e falo daquilo que vejo, fico com a dúvida se ao usar e confiar apenas no GPS
- vamos 'destreinando' o nosso sentido de orientação?
- pomos de parte a possibilidade de recorrer à ajuda de desconhecidos para obter informações?
- e neste caso, levado a um extremo, deixaremos completamente de interagir com estranhos, porque
a) "quem sabe o caminho é o GPS, afinal isto é tudo computadores, não falham"
b) "falar com desconhecidos no meio da rua é perigoso"
c) "mostrar que estou perdido é perigoso/humilhante"
d) já não sei como isso se faz?

e se alguma destas hipóteses for verdade, não estamos também a perder o sentido original das coisas?

ok, fica o esclarecimento e a sugestão para uma reflexão.
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O GPS é necessário.

Mensagempor rifkind » quinta mai 10, 2007 08:53

Se por mais nada fosse, apenas porque faz parte das regras.

De qualquer forma, respondendo às tuas dúvidas, sob a nossa perspectiva de geocachers:

- vamos 'destreinando' o nosso sentido de orientação?
- pomos de parte a possibilidade de recorrer à ajuda de desconhecidos para obter informações?
- e neste caso, levado a um extremo, deixaremos completamente de interagir com estranhos, porque
a) "quem sabe o caminho é o GPS, afinal isto é tudo computadores, não falham"
b) "falar com desconhecidos no meio da rua é perigoso"
c) "mostrar que estou perdido é perigoso/humilhante"
d) já não sei como isso se faz?


As nossas caçadas são essencialmente orientadas via GPS, de facto. Mas as cartas militares e os mapas de estradas fazem parte do "equipamento" e são usadas frequentemente, especialmente pela Rifkinda. Seja por fornecerem uma vista "mais larga", seja por possuirem detalhe que não está presente no GPS. O que acontece com mais frequência, é o Geocaching trazer o mundo da orientação a leigos e não afastá-los. Há geocachers em concreto que continuam a fazer provas de orientação e nem por isso perderam aptidões. :D

Não há necessidade de pôr o contacto com desconhecidos de parte e certamente o GPS não é um elemento bloqueador. Já por diversas vezes até serviu de mote à conversa. :lol:

Como disse o Torgut, este jogo joga-se com GPS. E na colocação de caches, isso nem se põe em causa. Faz parte das regras.

No resto, o GPS não é o ponto crítico. E definitivamente conhece-se muita gente graças a este jogo, que usa o GPS.
8)

Nuno
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Mensagempor jcpmleal » quinta mai 10, 2007 09:13

Não esqueçamos que antes de navegar por GPS utilizávamos mapas. Eram estes também inibidores da socialização?
E quantas e quantas vezes não tive eu que recorrer a outras fontes de informação para a "navegação fina" na aproximação final ao objectivo?
Se o GPS me fizer chegar mais rapidamente ao destino não fico com mais tempo para descobrir o local e as suas gentes?

João Leal
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Mensagempor Torgut » quinta mai 10, 2007 09:54

Geocaching à parte, concordo plenamente. Aliás, creio que nem é discutível: os novos tempos, com todo o seu suporte tecnológico, afastaram as pessoas. O assunto é tão complexo que me sinto desmotivado de o explorar, sob a pena de escrever um tratado. Portanto, concluo concordando: sim, cada vez mais a nossa sociedade produz indíviduos encerrados sobre si próprios e sobre a sua família nuclear, e as tecnologisa, como parte de um rol maior e mais complexo de factores, contribuem para isso.

Já agora: se é possível encontrar caches sem GPS? Concerteza. Eu próprio já fiz isso, numa cache tão mal estruturada que não me deixou outra hipótese. Curiosamente, quem tão mal a preparou, ainda teve a cara de pau de me dizer por eMail, que não acreditava que eu a tivesse encontrado sem GPS. Sou, portanto, um mentiroso. Enfim.

Dizia eu... sim. encontram-se caches sem GPS. Mas não são todas, bem longe disso. Apenas numa minoria infima dos casos tal é possivel. De resto, se caches continuam a desaparecer, levadas ou destruidas por muggles, é desde logo evidente que podem ser encontradas. O GPS não é uma chave para a couraça que protege o container. Mas na práctica a coisa não é viável. Também há quem semanalmente tire o Euromilhões.
O meu blog geocachiano:
http://papacaches.wordpress.com


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Mensagempor sirbyte » quinta mai 10, 2007 10:29

Efectivamente a tecnologia afasta as pessoas. E o Geocaching enquanto conceito ajuda a afastar. Mas felizmente as pessoas viram no Geocaching um conceito de comunidade. E assim se fomenta a socialização. As pessoas começam por conviver atrás do monitor. Combinam caçadas em conjunto. 2 ou 3. E depois 200 ou 300 juntam-se em eventos. Isso não afasta as pessoas.

Efectivamente o GPS facilita demais e liberta-nos de muito conhecimento básico de orientação, seja ela por bússola, mapa, carta, indicações, sol, pontos de referência. Ou todos estes métodos juntos. Mas as pessoas viram nisto um conceito de aprendizagem. Ainda são poucas, mas já existem algumas caches que implicam muitas vezes voltar a guardar o GPS e pegar nos meios de há 10, 20, 30 anos. Por falar nisso, vou ali soprar o pó do meu astrolábio e criar uma cache. :)

As caches são muito mais do que o conceito e do que a primeira cache. Curiosamente a primeira cache que criei foi tal e qual. É a "Tal e Qual - A Cache Tradicional". Mas o conceito evoluiu muito desde que conheço esta modalidade (já cá estou desde 2002, embora com pouca actividade).
E hoje em dia os GPSr são tão bons e completos que é necessário puxar por qualquer outro lado. E assim temos as caches cheias de História, estórias e ensinamentos.

Acho que me estiquei a escrever... fico por aqui. 8)
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Mensagempor SUp3rFM » quinta mai 10, 2007 11:10

sirbyte Escreveu:Efectivamente a tecnologia afasta as pessoas. E o Geocaching enquanto conceito ajuda a afastar. Mas felizmente as pessoas viram no Geocaching um conceito de comunidade. E assim se fomenta a socialização.


Que contradição (no começo do teu post) :)

A tecnologia, até hoje, não me fez afastar das pessoas. Conheci sim, mais pessoas, mais amigos, conhecimentos diversos, etc. O geocaching em particular deu-me a conhecer pessoas fantásticas, amigos, conhecidos, you name it.

As caçadas agora são, por opção, em conjunto. A galhofa é um excelente addon. Podia era ter escolhido pessoas mais bonitas.
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Mensagempor 2 Cotas » quinta mai 10, 2007 15:22

Nunca vi grupo mais afinadinho a baralhar as ideias.
Pior, antes punham defeitos nas caches alheias agora até já fazem comentários manhosos sobre a beleza reciproca… Adiante!

Um dos mais distribuídos chavões modernos, tipo mito urbano mal esgalhado, é a afirmação de que a tecnologia afasta as pessoas. Acham? Acham mesmo? Sério?
Então vejam lá:

Antes, antigamente, aqui há uns anos, no meu tempo, (como vêem há para todos os gostos e idades…) a coisa reduzia-se á família, á vizinhança e aos colegas, de escola, de trabalho ou bancada. E pouco mais.
Agora? Conheço tipos nos lugares mais recônditos, reconheço as fuças de qualquer magano que tenha estada mais de 15s na TV ou mostrado os dentes nos jornais, revistas, blogs, sites, younameit!

Tenho amigos, (significado lato, pois engloba os amigos, os conhecidos, os colegas, e mais um par de grupelhos sociais), em qualquer pais, em qualquer latitude, em qualquer profissão. Trato-os por tu, por você, por senhor, mesmo sem lhes ter visto a cara, saber o sexo, conhecer o ambiente. Partilho hobbies, interesses, desportos, ódios, clubes e partido políticos, (salvo seja!), sem saber se na realidade existem ou são um qualquer tipo de renegado social escondido num ecrã sem existência orgânica.
Aqui há uns anos, os americanos, (what else?), criaram um programa de computador que simulava uma consulta psiquiátrica. Um sujeitinho com a caixa dos pirolitos supostamente avariada, sentava-se ao teclado e ia debitando enormidades existenciais intimas, meio embrulhadas e por ventura sujas, e recebia do outro lado uma qualquer coisa que lhe fazia bem ao intimo, supondo que o resultado de uma qualquer sessão terapêutica pode ser classificada desta forma. Parece que eram raros os que percebiam a marosca e que mesmo alguns prós, dos outros dos da concorrência, tardavam em descobrir se é que o conseguiam mesmo.

Por isso, quando falam em a tecnologia cortar o contacto, querem dizer o quê? Sexo, alimentação, politica e desporto continuam a ser feitos da mesma maneira, senão melhor ainda, (afirmação genérica, sem cuidados formais qualitativos…). Conheço mais pessoas, viajo mais, tenho mais cultura, (okok, desculpem qualquer coisinha!), mais tempo livre. (Po’’a! Não levem tudo tão á letra!).
Aqui há vinte anos atrás tinha, quando muito, 10 números de telefone, na minha agenda. E agora? Há vinte anos atrás conhecia 100 ou poucos mais colegas de escola. Agora a minha filha tem 100 em cada turma. Antes ia ao futebol e não ligava peva ao tipo que estava ao meu lado. Agora reúnem-se lá em casa e só falta haver confrontos com a polícia no corredor.
Na minha juventude se contasse pelos dedos as viagens que fazia em um ano, sobravam muitos dedos. Agora já tenho de racioná-los para os fins-de-semana.
Agora, e só porque tenho um GPS, conheço umas centenas de camaradas com a mesma doença e vocês vem dizer alto e bom som que a tecnologia afasta as pessoas? Tenham dó!

Posso fazer geocaching sem GPS? Posso. Sexo sem companhia também. Almoços virtuais. Viagens virtuais. Consultas virtuais, pelo menos de psiquiatria. Só espero que me avisem quando passar a ter também vida virtual.
Òh moço, faz lá geocaching como melhor te apetecer. Se não queres levar GPS, não leves. Mas, cá para mim vais ter que acrescentar mais umas estrelitas á dificuldade das caches que procurares. Experimenta e logo me dirás. A maior parte das vezes o aparelhito põe-te com os pezinhos em cima das caches e os olhitos não colaboram, ao ponto de algumas das vezes teres que voltar com o rabito mais aconchegado, (com ou sem ofensa, fica ao teu critério ;)) e vens tu colocar no outro prato da balança o mapita debaixo do braço e doses enormes de autoconfiança.
Autoconfiança, autoconfiança, só conheço aquela volátil, evapora-se aos primeiros segundos e deixa-me ali com ar de perdido.
Posso sempre perguntar á ti Manel ou á ti Maria, ou melhor ainda ao puto Zé. Mas ainda estou para receber uma resposta coerente a minha pergunta: O senhor sabe-me dizer onde é que está aqui escondido o taparuere?

Bem hajam, que fazem os meus dias mais coloridos.
Bêjos
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Mensagempor Torgut » quinta mai 10, 2007 16:10

2 Cotas Escreveu:Um dos mais distribuídos chavões modernos, tipo mito urbano mal esgalhado, é a afirmação de que a tecnologia afasta as pessoas. Acham? Acham mesmo? Sério?


Sim. Mesmo. Sério. Sem dúvida. O tratado é que ficará para depois.
O meu blog geocachiano:
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Mensagempor btrodrigues » quinta mai 10, 2007 16:11

2 Cotas Escreveu:Só espero que me avisem quando passar a ter também vida virtual.


Estás avisado.

http://secondlife.com/

E há quem pague para isso. :(
--
BR
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Mensagempor sirbyte » quinta mai 10, 2007 16:34

2 Cotas Escreveu:a tecnologia afasta as pessoas. Acham? Acham mesmo? Sério?


Bem, não é um dizer meu, nem sequer de agora. Acho que é uma ideia real, mas mais orientada para a socialização directa, presença física.
Por outro lado, sim, concordo que a tecnologia aproxima as pessoas. Estamos aqui a discutir o sexo dos anjos (que o das anjas é bem definido) e mais de 80% de vocês nunca vi na vida!






Pronto, tá bem... 95%.






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