Nunca vi grupo mais afinadinho a baralhar as ideias.
Pior, antes punham defeitos nas caches alheias agora até já fazem comentários manhosos sobre a beleza reciproca… Adiante!
Um dos mais distribuídos chavões modernos, tipo mito urbano mal esgalhado, é a afirmação de que a tecnologia afasta as pessoas. Acham? Acham mesmo? Sério?
Então vejam lá:
Antes, antigamente, aqui há uns anos, no meu tempo, (como vêem há para todos os gostos e idades…) a coisa reduzia-se á família, á vizinhança e aos colegas, de escola, de trabalho ou bancada. E pouco mais.
Agora? Conheço tipos nos lugares mais recônditos, reconheço as fuças de qualquer magano que tenha estada mais de 15s na TV ou mostrado os dentes nos jornais, revistas, blogs, sites, younameit!
Tenho amigos, (significado lato, pois engloba os amigos, os conhecidos, os colegas, e mais um par de grupelhos sociais), em qualquer pais, em qualquer latitude, em qualquer profissão. Trato-os por tu, por você, por senhor, mesmo sem lhes ter visto a cara, saber o sexo, conhecer o ambiente. Partilho hobbies, interesses, desportos, ódios, clubes e partido políticos, (salvo seja!), sem saber se na realidade existem ou são um qualquer tipo de renegado social escondido num ecrã sem existência orgânica.
Aqui há uns anos, os americanos, (what else?), criaram um programa de computador que simulava uma consulta psiquiátrica. Um sujeitinho com a caixa dos pirolitos supostamente avariada, sentava-se ao teclado e ia debitando enormidades existenciais intimas, meio embrulhadas e por ventura sujas, e recebia do outro lado uma qualquer coisa que lhe fazia bem ao intimo, supondo que o resultado de uma qualquer sessão terapêutica pode ser classificada desta forma. Parece que eram raros os que percebiam a marosca e que mesmo alguns prós, dos outros dos da concorrência, tardavam em descobrir se é que o conseguiam mesmo.
Por isso, quando falam em a tecnologia cortar o contacto, querem dizer o quê? Sexo, alimentação, politica e desporto continuam a ser feitos da mesma maneira, senão melhor ainda, (afirmação genérica, sem cuidados formais qualitativos…). Conheço mais pessoas, viajo mais, tenho mais cultura, (okok, desculpem qualquer coisinha!), mais tempo livre. (Po’’a! Não levem tudo tão á letra!).
Aqui há vinte anos atrás tinha, quando muito, 10 números de telefone, na minha agenda. E agora? Há vinte anos atrás conhecia 100 ou poucos mais colegas de escola. Agora a minha filha tem 100 em cada turma. Antes ia ao futebol e não ligava peva ao tipo que estava ao meu lado. Agora reúnem-se lá em casa e só falta haver confrontos com a polícia no corredor.
Na minha juventude se contasse pelos dedos as viagens que fazia em um ano, sobravam muitos dedos. Agora já tenho de racioná-los para os fins-de-semana.
Agora, e só porque tenho um GPS, conheço umas centenas de camaradas com a mesma doença e vocês vem dizer alto e bom som que a tecnologia afasta as pessoas? Tenham dó!
Posso fazer geocaching sem GPS? Posso. Sexo sem companhia também. Almoços virtuais. Viagens virtuais. Consultas virtuais, pelo menos de psiquiatria. Só espero que me avisem quando passar a ter também vida virtual.
Òh moço, faz lá geocaching como melhor te apetecer. Se não queres levar GPS, não leves. Mas, cá para mim vais ter que acrescentar mais umas estrelitas á dificuldade das caches que procurares. Experimenta e logo me dirás. A maior parte das vezes o aparelhito põe-te com os pezinhos em cima das caches e os olhitos não colaboram, ao ponto de algumas das vezes teres que voltar com o rabito mais aconchegado, (com ou sem ofensa, fica ao teu critério

) e vens tu colocar no outro prato da balança o mapita debaixo do braço e doses enormes de autoconfiança.
Autoconfiança, autoconfiança, só conheço aquela volátil, evapora-se aos primeiros segundos e deixa-me ali com ar de perdido.
Posso sempre perguntar á ti Manel ou á ti Maria, ou melhor ainda ao puto Zé. Mas ainda estou para receber uma resposta coerente a minha pergunta:
O senhor sabe-me dizer onde é que está aqui escondido o taparuere?
Bem hajam, que fazem os meus dias mais coloridos.
Bêjos