1ª Parte: Os primeiros 4 anos como geocacher (2006 – 2010)Corria o ano de 2002 e eis que a minha vida se iria transformar para sempre.
O primeiro grande momento foi o terminar o meu curso e poder ingressar no mercado de trabalho.
Finalmente podia por em prática conhecimentos adquiridos ao longo de 5 anos (alguns dos quais de trabalho árduo – que saudades tenho da queima das fitas
).
No decurso deste ano tive a oportunidade de vivenciar duas experiências que até então nunca tinha experimentado: 1º emprego na minha aérea de formação e passados alguns meses o 1º despedimento (e único até hoje felizmente).
Passado um mês do despedimento comecei a receber convites para dar formação (área que adoro e que estava longe de imaginar que seria o meu futuro) na área de informática.
Alguns meses a dar formação, permitiram-me obter mais experiência e também a oportunidade única de visitar novas terras, que até então eram desconhecidas para mim.
E eis que em Dezembro desse ano, recebo o convite. O tal convite. O convite que iria mudar a minha vida.
Ligaram-me da Escola Profissional da Ilha de São Jorge e perguntaram-me se gostaria de lecionar cursos de informática e ser responsável pelos mesmos.
Respondi afirmativamente, tendo informado os meus pais da decisão (que ficaram surpreendidos), toca a fazer as malas e partir para a aventura.
Lembro-me como se fosse hoje: 3 de Janeiro de 2003, início desta fantástica aventura.
Às 6h40m, parti do aeroporto Francisco Sá Carneiro, com destino a Lisboa, voando de seguida para a ilha Terceira e finalmente às 12h30m aterro na ilha de São Jorge.
Nunca imaginei que a ilha de São Jorge me iria receber tão bem (e já lá vão 13 anos, ou seja, um terço da minha vida passados nesta maravilhosa ilha).
Foi nesta ilha (que agora também é minha) que alcancei o meu 2º emprego
(mantendo-o até aos dias de hoje), que conheci a Marlene (com quem casei e constituí família), que encontrei o meu maior tesouro (a Marta) e que me iniciei no fantástico mundo do geocaching.
Após esta breve
(mas necessária) introdução, irei tentar passar para o papel tudo aquilo que vivenciei, ao longo destes 10 anos de descoberta do geocaching.
Tudo começou num belo dia de inverno, quando estava em minha casa, no meu sofá a assistir ao telejornal da SIC e de repente a jornalista começa a falar de geocaching, geocachers e uma nova forma de fazer turismo (senão me falha a memória era 1 casal e os seus filhos). Chamou-me a atenção e no final da reportagem achei curioso este passatempo.
Na manhã seguinte, no meu local de trabalho, ainda com a reportagem que tinha visto na noite anterior na cabeça, fui para a internet pesquisar sobre o assunto. Ainda me lembro a frase que escrevi no motor de busca: o que é o geocaching?
Após a leitura de 2 ou 3 páginas que falavam do assunto rapidamente fiquei rendido. Muito bem: caça ao tesouro em que se utiliza um GPS para procurar o mesmo. Bora lá pesquisar onde posso comprar o GPS. E encontrei. Tinha acabado de adquirir o meu primeiro GPS [GPS] , um Garmin Etrex Vista C. Um maquinão. Hoje não o utilizo, tendo oferecido o mesmo ao meu sobrinho Ricardo (rica5), aquando da minha segunda aquisição (Garmin GPSMap 62s) uns anos mais tarde.
O entusiasmo era tanto que acabei por comprar o GPS antes mesmo de fazer o registo no site geocaching.com.
No dia a seguir à compra do GPS, entrei pela primeira vez no site oficinal e registei-me (9 de janeiro de 2006). Primeiro geocacher “Açoriano” a registar-se no site. Na altura registei-me com o nickname Esmoriz (para homenagear a cidade onde nasci).
Utilizei este nickname durante cerca de 3 meses, tendo mudado para Teamjorgenses (que se mantêm até hoje). Curiosamente nunca cheguei a utilizar o nickname Esmoriz em nenhum registo.
Nesse mesmo ano adquiri as 4 primeiras geocoins e os 5 primeiros travelbugs da minha coleção (sem saber no enorme vício que iria ser no futuro): a Portugal 2006 (Silver e Gold) e a Luxemburgo 2006. Inocentemente e uma vez que os trackables eram para viajar, coloquei-os todos em caches. Desapareceram todos. Nunca mais os encontrei. (dnf) (dnf) (dnf)
Foi um ano bom. Coloquei as minhas primeiras caches (antes de ter descoberto alguma) e foi incrível.
Antes das férias da Páscoa desse ano, comecei a fazer o trabalho de casa. Sendo natural de Esmoriz comecei a procurar no mapa caches que estivessem nas proximidades e que as pudesse fazer quando fosse visitar a minha família.
Aquando da pesquisa por caches, surgiram duas: Quinta do Engenho Novo [SM Feira - pt+en] (
caixeiros) e The Maze Master (Porto) (
zoom_bee).
Toca a fazer o trabalho de casa: ver a página da cache, ler a listing com muita atenção, imprimir a página da cache (sim, ainda não havia GPS, nem smartphones que permitiam ler a listing das caches), imprimir fotos spoiler e outras fotos de outros geocachers, tomar notas. Tudo era feito com papel e caneta.
Informação reunida, eis que chega o dia das tão merecidas férias. No dia a seguir à minha chegada, reuni-me com o meu primo Vitor (um muggle) e toca a partir ao encalço do tesouro.
Uma vez chegados ao local foi seguir a seta do GPS, ler a dica e iupiiiiiiiii.
Encontrei a minha primeira cache. Parecia uma criança pequena (expressão açoriana), quando vê o Pai Natal pela primeira vez. Uma enorme alegria apoderou-se sobre mim. Quatro meses de espera, finalmente tinham dado frutos.
O meu primeiro registo foi: “…
a minha primeira cache. Fica perto de Esmoriz e então decidi começar por lá. Consegui convencer o meu primo Victor a ir comigo. Mais umas caches e brevemente teremos mais um adepto do GEOCACHING.
[IN]esquilo
[OUT]porta chaves "Santiago de Compostela"…”.
Um registo bastante simples, mas com um significado bastante grande.
Passados 2 dias, e numa das visitas ao Porto tive a oportunidade de fazer a minha 2ª cache (reparem agora no log mais elaborado
): “…
Team Jorgenses: Pedro Silva [Esmoriz] e Marlene Borges [Velas]
Saímos de Esmoriz com destino ao Estádio do Dragão. Como a cache ficava lá perto decidimos lá dar um salto.
A cache está num local muito bonito (que eu desconhecia) e recomenda-se vivamente a sua visita. Local ideal para os pais levarem os filhos.
Quem descobriu a cache foi a minha esposa Marlene (iniciada nestas andanças. foi a sua 1ª cache e ficou viciada).
[IN]Esquilo
[OUT]Pin FCP
PS1: devido ao tamanho do esquilo não pode ficar dentro da cache
PS2: a Marlene está tão viciada no geocaching que já não me deixa usar o GPS e é ela que comanda a busca (fiquei no desemprego)….”.
E foi assim, o nosso início: 2 caches encontradas. Terminam as férias e toca a voltar para São Jorge.
Em julho de 2006 organizo o meu primeiro evento (um mega evento) e o primeiro evento realizado nos Açores. (evento-)
O evento teve como nome: I Queijo São Jorge Geomeetup. Neste primeiro evento tive o contato com os primeiros geocachers, através das write notes que escreveram:
Bargão_HenriquesCom muita pena minha, não tenho a mínima hipótese de visitar novamente esta pérola atlântica...
Espero que recebam a visita de alguns geocachers do continente e que, com este evento, consigam recrutar muitos mais geocachers nos Açores!
Desejo-vos um EXCELENTE evento!
Apesar de não poder participar directamente, não quero deixar passar a oportunidade de enviar uma pequena geocoin para este evento!
Esta geocoin, "California Micro - Little Petal", foi-me enviada por uma avó geocacher americana, descendente de açoreanos, por isso achei que deveria começar a sua viagem nestas magníficas ilhas!
Divirtam-se muito!!!
Rebordao 3 dias de caches nos Açores e nós não podemos ir...
Boa iniciativa! Temos pena de não nos podermos juntar a vocês... estivemos recentemente nos Açores (embora não em S. Jorge) e prometemos voltar com mais sol ...mas desta vez não vai dar
Esperamos que corra muito bem! Depois podem entupir a página de fotos para nós nos roermos de inveja...?
Sara e Hugo
LopescoBoas!
Só venho aqui dizer-vos obrigado por colocarem tanta cache nessa vossa ilha mágnifica!
Vamos lá ver se aparecem mais geocachers açoreanos!
Grande dedicação... É assim mesmo!
Abreijos
João Lopes aka Lopesco
P.S. - Também não posso aí ir.. PattertwigQue pena! Chegamos em Horta/Açores à noite de 9.Julho ... É possivel de juntar por um mini-evento um pouco mais tarde? Visitamos duas semanas Pico e São Jorge. Há umas pessoas que gostam de andar ao Pico por encontrar “Atlantis” com nos ? Mail, faz favour...
Até à logo, Anke + Martin + Camilla + Lizzi = pattertwig !
PS: Falamos Inglês e Alemão – e um pouco Francês e Português
What a pity! We will arrive at Horta July 9th in the evening. Is there a chance to meet somewhat later? We are planning to stay in Pico and São Jorge for two weeks. Are there any other GeoCachers who like to climb Mount Pico and find the Atlantis cache? Please send us a mail...
Hope to see you on the most beautiful islands!
Anke + Martin + Camilla + Lizzi = GeoCaching team “pattertwig” !Estes foram os 4 primeiros registos, sendo que um dos quais se transformou em will attend (devido a uma mudança de data).
A Anke, o Martin e as duas filhas Camilla e Lizzi foram os primeiros geocachers que conhecemos. Amizade que se mantem até aos dias de hoje. Inclusive em 2014, tivemos uma segunda visita deste maravilhoso casal. Quer em 2006, quer em 2014, tivemos a oportunidade de fazer geocaching com eles, tendo ficado a promessa que um dia iremos visitá-los a Hamburgo (terra natal deles).
Resumindo: primeiro evento nos Açores, 2 equipas participantes (6 geocachers) e logo um evento internacional.
Foi um evento emocionante e que permitiu mostrar toda a lha de São Jorge (pelo menos aquilo que conhecia de São Jorge na altura).
Em Agosto tive a oportunidade de vivenciar a minha primeira experiência além-fronteiras. Como a Marlene tinha família no Canadá, marcamos as nossas férias nesse ano para os ir visitar.
A minha primeira cache foi GO East Gwillimbury Caching (tradicional-) (e o registo foi em inglês). Um registo em inglês, uau.
Tive a oportunidade de fazer a minha primeira cache virtual (virtual-) (Niagara Falls Virtual) e participar no meu primeiro evento (evento-) (GCQ2AA- Harvestfest 2006). Curiosamente se repararem na VIC List (no evento), irão reparar que na altura quando disse que iria participar no evento o organizador colocou o nickname com que me registei. Um orgulho. O meu nome está numa lista para um evento.
Já agora VIC significa Very Important Cacher.
Participaram no evento 47 equipas (mais ou menos 100 geocachers) e carradas de geocoins/ travelbugs. Nunca tinha visto tantos na minha vida (toca a tirar os códigos para os registar). (discover) (discover) (discover)
Pelas tristes razões este evento (e felizmente único) ficaria para sempre na minha memória. Um dos geocachers Tony Dawe (1701eh), com quem tive a oportunidade de conversar na altura, uma vez que ficou na mesma mesa do que eu, viria a falecer num acidente de automóvel (a sua mulher ficou gravemente ferida mas sobreviveu).
Em conversa disse-me que não era da região e que tinha vindo fazer geocahing, aproveitando a participação no evento. Depois do evento terminar iam continuar a fazer geocaching na região.
Tal nunca veio a acontecer. Dois dias após o evento, deu-se o trágico acidente. A última cache registada por eles foi a 22 de Agosto de 2006. Ironia do destino nunca tiveram a oportunidade de fazer o Attended no evento e foram a primeira equipa (no mesmo dia da publicação do evento) a fazer o will attend. A frase que lá deixaram: Hope to be there (2 of us).
Pelo que li do Profile dele, a esposa deixou de fazer geocaching, mas a filha ainda mantem algumas das caches deles, juntamente com amigos (a última visita ao site do geocaching foi em 2013).
Foi único momento negativo que nos marcou ao longo destes 10 anos de geocaching.
Voltamos a Portugal e durante os 4 anos seguintes tivemos a oportunidade de fazer cerca de 20 caches. Caches distribuídas pelas ilhas de São Jorge, Faial e Terceira e algumas no Continente.
Foram 4 anos bem passados, de descoberta de novos lugares, de desafios, de aventuras. Os smiles a aparecerem no mapa. Os amigos que se foram conhecendo e ficando. A mochila sempre pronta com canetas, lápis, logbooks, brindes para troca, pilhas, entre outros objetos. A máquina fotográfica também sempre presente, para guardar para sempre esses belos momentos. Não faltava nada.