Na semana passada dupliquei o tópico de medir a luz. Nada como repetir/insistir para aprofundar conhecimentos (refiro-me aos meus, é claro)! E desta, mudamos de tema:
AMPLITUDE TONAL
Os nossos olhos conseguem distinguir muito mais diferenças de tonalidade do que qualquer filme. Conseguimos olhar para um pôr do Sol sobre o horizonte distinguindo desde o Sol brilhante até aos detalhes do chão já na penumbra. Nenhum filme tem uma amplitude tonal que se compare à dos nossos olhos, que se estima que seja entre 12 e 13 pontos de exposição. Temos que saber que um filme negativo tem um amplitude de 7 pontos de exposição e um filme de diapositivos de apenas 5 pontos.
Este conceito de amplitude tonal é útil para percebermos que quando fotografamos um diapositivo só se conseguirão distinguir as tonalidades até 2 ½ pontos acima e abaixo da exposição escolhida. Tudo o que estiver acima desse intervalo será retratado como branco e o que estiver abaixo como preto. Só tendo isto em conta podemos decidir quais os tons que queremos que se possam distinguir e quais aqueles que são dispensáveis. Por exemplo, cheguei um dia a Burano, uma pequena ilha junto a Veneza, já depois do pôr do Sol. O céu encoberto estava muito mais luminoso do que as belas casas da ilha, mas como dificilmente lá voltaria era uma oportunidade fotográfica a não perder. Medi a luz e defini a exposição considerando apenas as casas, reenquadrei e fotografei, sabendo que conseguiria captar as cores vivas das casas mas que o céu surgiria como um fundo branco, sem textura.
Burano, Itália (Nikon F50, Sigma 28-70mm f/2.8-4, Kodak Gold 400) Apesar de ter sido fotografada depois do pôr do Sol, esta imagem conseguiu reproduzir as cores vivas das casas, sacrificando os detalhes do céu.
Uma forma de visualizar a gama tonal que um filme de diapositivo pode registar é recorrer ao quadro seguinte:
Quem tiver uma máquina fotográfica com medição pontual (spot) pode medir o ponto mais escuro daquilo que vai fotografar e o mais claro. Se a diferença de exposição entre os dois pontos for superior à amplitude tonal do filme que estiver a utilizar vai ter que optar entre perder detalhe nas sombras ou nas partes mais claras da imagem. Sabendo isto podemos determinar com grande exactidão o aspecto final de cada fotografia que tiramos.
Jà tinham ouvido falar em amplitude tonal?
Nota: texto cedido por Rui Grilo