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Poemas...

Aqui fala-se de tudo e mais alguma coisa

Moderador: Moderadores

Re: Poemas...

Mensagempor Lima_Paço » domingo jul 04, 2010 20:46

Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

António Gedeão
"Aprendi..., que a desilusão é uma das piores dores!... Pois ninguém se ilude com aqueles que conhece, mas sim com os que pensa que conhece!..." (Helber Chin Ku Chon Choo)
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Re: Poemas...

Mensagempor Lima_Paço » terça jul 06, 2010 09:48

Falo de Ti às Pedras das Estradas

Falo de ti às pedras das estradas,
E ao sol que e louro como o teu olhar,
Falo ao rio, que desdobra a faiscar,
Vestidos de princesas e de fadas;

Falo às gaivotas de asas desdobradas,
Lembrando lenços brancos a acenar,
E aos mastros que apunhalam o luar
Na solidão das noites consteladas;

Digo os anseios, os sonhos, os desejos
Donde a tua alma, tonta de vitória,
Levanta ao céu a torre dos meus beijos!

E os meus gritos de amor, cruzando o espaço,
Sobre os brocados fúlgidos da glória,
São astros que me tombam do regaço!

Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"
"Aprendi..., que a desilusão é uma das piores dores!... Pois ninguém se ilude com aqueles que conhece, mas sim com os que pensa que conhece!..." (Helber Chin Ku Chon Choo)
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Re: Poemas...

Mensagempor Lima_Paço » terça jul 06, 2010 21:05

A NEVE

Batem leve, levemente,
como quem chama por mim...
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim...

É talvez a ventania;
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento, com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
Há quanto tempo a não via!
E que saudade, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...

Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
de uns pezitos de criança...

E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
- depois em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...

Que quem já é pecador
sofra tormentos... enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na natureza...
– e cai no meu coração.


Augusto Gil - Luar de Janeiro, 1909
"Aprendi..., que a desilusão é uma das piores dores!... Pois ninguém se ilude com aqueles que conhece, mas sim com os que pensa que conhece!..." (Helber Chin Ku Chon Choo)
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Re: Poemas...

Mensagempor Sagitario » quarta jul 14, 2010 15:28

" Toda a Vida fui pastor
Toda a Vida guardei gado
Tenho uma nódoa no peito
De tanto encostar ao cajado"

Cortesia de um Alentejano do "Norte"... MytyPower
"Faz tudo como se estivesses a ser contemplado."
Epicuro


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Re: Poemas...

Mensagempor Sagitario » quarta jul 14, 2010 15:33

A ver dançar as palavras

Nas pedras do chão há cristais
cheios de pó e movimento
que seguem itinerários vagarosos

que tropeçam
antes de serem brilho
expressão musical
para espanto dos pássaros
antes do voo

As pedras do chão
perdem a inocência
quando se aproximam dos cristais

Será do pó em movimento
ou dos meus pobres olhos
que espantam os pássaros?

Já não me pergunto
se nos alimentamos de poemas e destinos
neste chão onde me apetece

ver dançar as palavras


Recebido por mail... desconheço o autor.
"Faz tudo como se estivesses a ser contemplado."
Epicuro


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Re: Poemas...

Mensagempor Lima_Paço » quarta jul 14, 2010 15:53

Samaritana

Dos amores do Redentor
Não reza a História Sagrada
Mas diz uma lenda encantada
Que o Bom Jesus sofreu de amor.

Sofreu consigo e calou
Sua paixão divinal,
Assim como qualquer mortal
Que um dia de amor palpitou.

Samaritana,
Plebeia de Sicar,
Alguém espreitando
Te viu Jesus beijar
De tarde quando
Foste encontrá-Lo só,
Morto de sede
Junto à fonte de Jacob.

E tu, risonha, acolheste
O beijo que te encantou,
Serena, empalideceste
E Jesus Cristo corou.

Corou por ver quanta luz
Irradiava da tua fronte,
Quando disseste: - Ó Meu Jesus,
Que bem eu fiz, Senhor, em vir à fonte.

Letra de um dos mais belo fados de Coimbra, escrita por Álvaro Cabral

http://www.youtube.com/watch?v=GfS3tUt0ZTE
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Re: Poemas...

Mensagempor bicho felpudo » sábado jul 17, 2010 22:58

Calling heaven!!

I'm waiting for my visit
They'll fill this room with flowers an' all
They'll put on their biggest smile
But only for a while

If only I could help it
If only mercy'd be on my side
I wouldn't have to die
And my family wouldn't cry

But the pain is getting far too strong
And the medicine won't hold it for long
It's getting closer
So I'm waiting for someone to come
To come and take my soul where it belongs
But no one's coming, no one

So I'm calling heaven now
I'm calling heaven now
Calling heaven's hand
So heaven help

I try to find the answer
I try to find the reason why I
I'm leaving them all behind
But there's something that I will find

The blood's still runing through my heart
But my hairs are slowly falling apart
And I just can't take it
So I'm waiting for someone to come
To come and take my soul where it belongs
But no one's coming, no one

I see it in their faces
They know I will be leaving tonight
But somewhere down the line
I'm sure we'll meet again
But somewhere down the line
I'm sure we'll meet again
"Os covardes morrem muito antes de sua verdadeira morte. "
( Júlio César )

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Re: Poemas...

Mensagempor Lima_Paço » terça jul 20, 2010 08:23

Mal nos conhecemos
Inauguramos a palavra amigo!
Amigo é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
Amigo (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
Amigo é o contrário de inimigo!
Amigo é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado.
É a verdade partilhada, praticada.
Amigo é a solidão derrotada!
Amigo é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
Amigo vai ser, é já uma grande festa!


Alexandre O'Neill
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Re: Poemas...

Mensagempor Lima_Paço » quarta jul 21, 2010 10:13

A Gentil Camponesa

MOTE

Tu és pura e imaculada,
Cheia de graça e beleza;
Tu és a flor minha amada,
És a gentil camponesa.

GLOSAS

És tu que não tens maldade,
És tu que tudo mereces,
És, sim, porque desconheces
As podridões da cidade.
Vives aí nessa herdade,
Onde tu foste criada,
Aí vives desviada
Deste viver de ilusão:
És como a rosa em botão,
Tu és pura e imaculada.

És tu que ao romper da aurora
Ouves o cantor alado...
Vestes-te, tratas do gado
Que há-de ir tirar água à nora;
Depois, pelos campos fora,
É grande a tua pureza,
Cantando com singeleza,
O que ainda mais te realça,
Exposta ao sol e descalça,
Cheia de graça e beleza.

Teus lábios nunca pintaste,
És linda sem tal veneno;
Toda tu cheiras a feno
Do campo onde trabalhaste;
És verdadeiro contraste
Com a tal flor delicada
Que só por muito pintada
Nos poderá parecer bela;
Mas tu brilhas mais do que ela,
Tu és a flor minha amada.

Pois se te tenho na mão,
Inda assim acho tão pouco,
Que sinto um desejo louco:
Guardar-te no coração!...
As coisas mais belas são
Como as cria a Natureza,
E tu tens toda a grandeza
Dessa beleza que almejo,
Tens tudo quanto desejo,
És a gentil camponesa

António Aleixo, in "Este Livro que Vos Deixo..."
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Re: Poemas...

Mensagempor Nutellas02 » segunda jul 26, 2010 22:46

ADEUS

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mão à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.

Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
e eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os meus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.

Eugénio de Andrade, "Adeus"
Crie caches com qualidade. Não coloque "mais uma" cache só por colocar, seja criativo. Não crie caches em todos os becos que lhe apareçam á frente. Faça logs em condições. Não use as caches para colocar "lixo" lá dentro e retirar "tesouros". Não fique com Geocoins & Travel Bugs que não lhe pertencem. Mas divirta-se à brava com o Geocaching! :)
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Re: Poemas...

Mensagempor Lima_Paço » quarta jul 28, 2010 08:39

A Secreta Viagem

No barco sem ninguém, anónimo e vazio,
ficámos nós os dois, parados, de mão dada...
Como podem só dois governar um navio?
Melhor é desistir e não fazermos nada!

Sem um gesto sequer, de súbito esculpidos,
tornamo-nos reais, e de madeira, à proa...
Que figuras de lenda! Olhos vagos, perdidos...
Por entre nossas mãos, o verde mar se escoa...

Aparentes senhores de um barco abandonado,
nós olhamos, sem ver, a longínqua miragem...
Aonde iremos ter? — Com frutos e pecado,
se justifica, enflora, a secreta viagem!

Agora sei que és tu quem me fora indicada.
O resto passa, passa... alheio aos meus sentidos.
— Desfeitos num rochedo ou salvos na enseada,
a eternidade é nossa, em madeira esculpidos!

David Mourão-Ferreira
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Re: Poemas...

Mensagempor Lima_Paço » quarta set 15, 2010 13:50

A Guerra

E tropeçavam todos nalgum vulto,
quantos iam, febris, para morrer:
era o passado, o seu passado — um vulto
de esfinge ou de mulher.

Caíam como heróis os que não o eram,
pesados de infortúnio e solidão.
(Arma secreta em cada coração:
a tortura de tudo o que perderam.)

Inimigos não tinham a não ser
aquela nostalgia que era deles.
Mas lutavam!, sonâmbulos, imbeles,
só na esp'rança de ver, de ver e ter
de novo aquele vulto
— imponderável e oculto —
de esfinge, ou de mulher.

David Mourão-Ferreira
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Re: Poemas...

Mensagempor bicho felpudo » quarta set 15, 2010 15:52

O gato
Com um lindo salto
Leve e seguro
O gato passa
Do chão ao muro
Logo mudando
De opinião
Passa de novo
Do muro ao chão
E pisa e passa
Cuidadoso, de mansinho
Pega e corre, silencioso
Atrás de um pobre passarinho
E logo pára
Como assombrado
Depois dispara
Pula de lado
Se num novelo
Fica enroscado
Ouriça o pêlo, mal-humorado
Um preguiçoso é o que ele é
E gosta muito de cafuné

Com um lindo salto
Leve e seguro
O gato passa
Do chão ao muro
Logo mudando
De opinião
Passa de novo
Do muro ao chão
E pisa e passa
Cuidadoso, de mansinho
Pega e corre, silencioso
Atrás de um pobre passarinho
E logo pára
Como assombrado
Depois dispara
Pula de lado
E quando à noite vem a fadiga
Toma seu banho
Passando a língua pela barriga

Vinicius de Moraes
"Os covardes morrem muito antes de sua verdadeira morte. "
( Júlio César )

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Re: Poemas...

Mensagempor Lima_Paço » quarta set 15, 2010 16:08

Poema do Gato

Quem há-de abrir a porta ao gato
quando eu morrer?

Sempre que pode
foge prá rua,
cheira o passeio
e volta pra trás,
mas ao defrontar-se com a porta fechada
(pobre do gato!)
mia com raiva
desesperada.
Deixo-o sofrer
que o sofrimento tem sua paga,
e ele bem sabe.
Quando abro a porta corre pra mim
como acorre a mulher aos braços do amante.
Pego-lhe ao colo e acaricio-o
num gesto lento,
vagarosamente,
do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele olha-me e sorri, com os bigodes eróticos,
olhos semi-cerrados, em êxtase,
ronronando.

Repito a festa,
vagarosamente.
do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele aperta as maxilas,
cerra os olhos,
abre as narinas.
e rosna.
Rosna, deliquescente,
abraça-me
e adormece.

Eu não tenho gato, mas se o tivesse
quem lhe abriria a porta quando eu morresse?

António Gedeão
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Re: Poemas...

Mensagempor bicho felpudo » sábado set 25, 2010 19:34

Hatred


I can not stand this expression of calm
This serious and controlled his temper
If there is something in this world that I corrupt the soul
It is the unbridled hatred that stirs in me your look.

Many times I wondered
What causes me great anger, rage,
Not found, finally, answer;
But I see, also, what is necessary.

I hate you for the pleasure of hating,
For the pleasure of feeling the blood run cold in my veins
Think and you want to disgrace
And release this instinct that civilization
Locked in my throat and conscience;

And instead of hating yourself just once, all the hate I have,
I hate you slowly, savoring the moment,
How those sublime tasting poison
I mix my Hate with affection.
"Os covardes morrem muito antes de sua verdadeira morte. "
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