Crise Financeira na Taberna da Aldeia ou a Folia dos Fiados
Para quem não entendeu ou não sabe bem o que é a actual CRISE AMERICANA E MUNDIAL, ou o que gerou a crise americana e mundial, segue um breve relato económico para leigo entender.
Então, é assim:
O sr. Zé tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender vinho 'na caderneta' aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados...
Porque decidiu vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose do tintol (a diferença é o sobrepreço que os pinguços pagam pelo crédito).
O gerente do banco do sr Zé, um ousado administrador formado em curso de emibiêi, decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um activo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento, tendo o pindura dos pinguços como garantia.
Uns seis zécutivos dos bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrónimo financeiro que ninguém sabe exactamente o que quer dizer.
Esses adicionais instrumentos financeiros alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do sr. Zé ).
Esses derivados passam a ser negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.
Até que alguém descobre que os bêbados da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, o bar do sr. Zé vai à falência, e também toda a cadeia.